Algumas crianças que sofreram circunstâncias extremamente difíceis tornaram-se relativamente equilibradas, ao passo que outras que passaram por um sofrimento muito menor parecem psicologicamente mais prejudicadas. A explicação está na diferença entre dano psicológico e trauma psicológico.
O dano psicológico é aquele que sofremos quando somos atingidos emocionalmente. Isso acontece com todos nós. As pessoas que nos criaram podem deixar de satisfazer de maneira significativa algumas de nossas necessidades, e podemos também ser expostos a circunstâncias cruéis, ou agredidos por alguém de um modo que nos magoe profundamente.
O trauma psicológico acontece quando ninguém está presente para nos dar apoio e nos ajudar a compreender os danos que sofremos. Os danos psicológicos podem causar traumas que nos deixam com a impressão de sermos mais fracos, incompetentes, maquiavélicos, perseguidos. Um evento doloroso pode se tornar traumático quando adquire um significado negativo a respeito de quem somos. O Eventos traumáticos do passado podem transformar-se em demônios que nos perseguem a vida inteira. Ter a presença de uma pessoa que se mostre receptiva à nossa dor faz toda a diferença do mundo.
Candice é uma mulher atraente e inteligente. Quem olha para ela não imagina que tenha passado por uma experiência que modificou a sua vida. Quando era adolescente, ela foi estuprada quando voltava da casa de uma amiga. Foi o acontecimento mais terrível de sua vida. Se pudesse, ela o apagaria da memória.Antes de fazer terapia, Candice nunca havia falado detalhadamente sobre o estrupo. Contara aos pais p que tinha acontecido com ela, eles deram queixa na policia e tudo acabou ficando por isso mesmo. Ela não procurou ajuda terapêutica e seus pais acharam que falar sobre o assunto iria humilha-la ainda mais, de modo que nunca mais trouxeram à tona.
Candice tem problemas ao relacionar-se intimamente com os homens por causa do estupro. Fica tensa quando pensa em ter contato sexual com um homem e sente medo quando está perto de homens fortes e dinâmicos. Com a terapia, ela acabou descobrindo que não é bom guardar para si certos segredos.
Candice caiu na armadilha na qual sucumbem muitos sobreviventes de estupro. Ela não conseguia parar de pensar: “Se ao menos eu tivesse pedido uma carona naquela noite”, “O vestido que eu estava usando chamava muito a atenção”, “eu deveria ter sido menos idiota”. Candice estava se culpando. Este procedimento transformou o dando que sofrera em trauma duradouro.
Talvez se ela tivesse sido capaz de conversar com alguém, seu segredo não tivesse sido tão nocivo. Outra pessoa poderia te-la ajudado a ver que seus sentimentos não eram anormais e que ela não era responsável pelo o que acontecera. Se Candice tivesse recebido ajuda para lidar com seus sentimentos, esse terrível acontecimento talvez não tivesse transformado em um trauma permanente que a fazia sentir-se mal consigo mesma. Os demônios adoram trabalhar em segredo, mas fogem quando são forçados a ficar visível.
Candice está começando a sentir-se menos amendrotada na presença de homens, porque está trabalhando os seus sentimentos na terapia. Fechar a porta para os danos do passado não mantinha os demônios a distância, mas permitir que seu terapeuta percorra com ela lugares escuros e ocultos do seu subconsciente está conseguindo afasta-los.
Jesus sabia que todos sofremos danos, mas não temos que viver traumatizados por causa deles. Ele acreditava que, se compartilharmos o fardo das ofensas que recebemos com alguém em que confiamos, podemos evitar que elas se transformem em trauma. O tempo por si só não é capaz de curar. Se não procurarmos ajuda, os demônios do passado ficarão presentes.